passarola quer voar: maio 2008

sábado, maio 31

Noite T, parte 1 e a teoria das camadas...

Os dois espectáculos a que assisti ontem não têm só em comum o nome Tiago dos protagonistas, como também a sobreposição de camadas de histórias do passado e do presente. No Yesterday’s man do Tiago Rodrigues e Rabih Mroué, o Tiago começa por sobrepor um mapa antigo de Beirut a um actual para tentar descobrir o destino que procura. À medida que vamos entrando na história vamos percebendo que essa é a lógica da peça onde a mesma personagem se encontra num cruzamento de espaços temporais e num espaço sempre em mudança. Cada personagem está no seu tempo e ao mesmo tempo, naquele cruzamento de tempos. A personagem é sempre a mesma, pouco muda, só o espaço é que parece sofrer a mudança do tempo. E a personagem está sempre à procura (ou à espera) daquele destino que nunca chega a encontrar.
Influenciada por muita música que tenho ouvido, fico com a sensação que a peça é como uma sobreposição de loops. E é interessante pensar como as diferentes áreas artísticas se acabam por influenciar umas às outras, ou a nossa apreciação delas. :)

E claro, o que é para mim é sempre o melhor, foi o estímulo que este Yesterday’s man conseguiu deixar no meu cérebro que passou a noite a vaguear em reflexões diversas, desde o que é que procuramos da vida? Será que nunca chegamos mesmo a encontrar? Que mais vale ficar parado à espera e não procurar? Era essa a moral da história? Se era, não consigo aceitá-la. Prefiro pensar que muitas vezes, principalmente quando não desistimos, conseguimos chegar à rua que procurávamos. O que pode acontecer é que, pelo caminho mudamos tanto que quando lá chegamos percebemos que essa já não é a rua que queríamos. E nossa procura começa noutra direcção. Não me quero encontrar um dia de costas, simplesmente parada à espera de qualquer coisa que nunca vai chegar...

Acima de tudo, foi uma hora muito bem passada, o Tiago Rodrigues, mais que um actor, é um excelente comunicador e eu ficava já ali, a noite inteira a ouvi-lo em loop ;)

Este espectáculo já não vão poder ir ver, pelo menos no Alkantara, mas o festival continua e com excelente programação e apesar da dificuldade que tive em conseguir bilhete para o Banquete da Patrícia Portela que já está esgotado praticamente desde o primeiro dia em que foram postos os bilhetes à venda, é bom ver estas coisas todas a esgotar. :D

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Noite T, parte 2

Hoje foi a noite dos Tiagos, parte 1, do Tiago Rodrigues, sobre a qual escreverei amanhã com mais calma, parte 2, Tiago Pereira que estreou hoje no Teatro da Luz, com o músico Vasco Ribeiro Casais, o projecto Omiri, e que, copiando as palavras deles “vive da dualidade antigo vs moderno. Um músico e um vj partem das danças tradicionais e de instrumentos antigos e transformam-nos numa viagem audio-visual em que o moderno se funde com a tradição e esta se rejuvenesce, tornado-se viva e apta a ser vivida nos tempos de hoje. O espectáculo OMIRI, explora simultâneamente duas vertentes: a criação de ambientes complexos dada pela sobreposição de camadas sonoras e visuais gravadas em tempo real e a improvisação em torno das mesmas.”

Além da sonoridade que me conquistou ao primeiro segundo, foi muito engraçado ver a plateia do Teatro da Luz a ser invadida pela malta de Andanças e afins, que encheram a sala com as suas danças. E o tiro de dois posts atrás ia-me saindo pela culatra quando me apercebi que aquela era uma pista totalmente dançante, mas cujas regras eu desconhecia. Lá fiquei invejosa no meu cantinho de única dançante anárquica, até que aos bocadinhos me começaram a vir convidar para dançar. Tive de desculpar-me, roídinha de vontade de aceitar… “não sei os passos”, e os moços lá iam procurando parceira mais à altura, até que houve um que disse, eu explico… Ah, foi um momento lindo. :) E a verdade é que lá comecei a bailarocar com eles, sempre acompanhada de um, agora viras á direita, agora fazes assim, agora trocas de par… e eu lá voltava a pedir desculpa pela inexperiência até que um disse, quando estiveres a apanhar, a música acaba. E foi. Eu voltei para o meu cantinho com a pitadinha de vontade de mais e a verdade é que ainda me levaram a aprender mais uma coreografia, e acabou por ser uma noite muito divertida.
Gostei muito das misturadas de sons de hoje, feitas a partir de instrumentos de ontem. Gostei muito dos vídeos e do belo registo de velhotes a cantar músicas tradicionais com que nos presentearam no intervalo (vão espreitá-los à página do Tiago no My Space.)

Aqui, um cheirinho do que foi a noite:



Agora que já conheço, pelo menos duas danças, resta-me esperar pelo próximo concerto para aprender mais algumas… :)

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sexta-feira, maio 30

21. A investigação continua.

e cá vai mais um...

A Carlota acordou, espreguiçou-se e ficou deitada na cama, abraçada à almofada, a pensar em tudo o que lhe tinha acontecido. Ainda se sentia cansada de tanta aventura e emoção e deu mais duas voltas no colchão. Mas de repente pensou – E se eu sonhei? E se o Jeremias nunca falou comigo e nunca existiram Lagartos Sábios? – Sentou-se muito direita na cama e, a medo procurou a sua sandália no chão. Não estava lá nada. A Carlota não queria acreditar que nada daquilo tinha acontecido. A sensação era tão real que ainda lhe doía o corpo da queda. – Não é possível! – disse alto, assustando um pequeno lagarto que se tinha vindo enroscar nos seus lençóis durante a noite.

Ao vê-lo muito espantado a olhar para ela a Carlota sorriu – Ah! Eu sabia que era verdade. Tu tinhas que estar algures por aqui. E agora o que é que eu vou fazer contigo? – Perguntava alto enquanto se levantava com vontade de começar o dia. – Não saias daí que eu vou tomar um duche e depois logo vemos o que fazemos, OK?

A água quente do duche a cair sobre o corpo estava a saber-lhe tão bem, que a Carlota deixou-se ficar mais um bocadinho. Quando regressou ao quarto encontrou o Velho Sábio a conferenciar com o Jeremias.
- Bom dia – disse-lhe ainda na expectativa de o ouvir responder. O Lagarto sorridente acenou com a cabeça deixando a Carlota um bocadinho triste. Mas foi por pouco tempo. Num movimento rápido, atraiu-a até à janela de onde já se avistava o Ricardo a aproximar-se com o pequeno computador ao peito.
- Isso significa que lhe posso contar?
O Jeremias acenou afirmativamente e dirigiu-se ao lagarto do dedal que se escondeu ainda mais, por debaixo dos lençóis.
- Fixe! - Exclamou a Carlota enquanto abria a janela para acenar ao amigo. Estava já lançada para saltar para o outro lado quando viu que o Jeremias perseguia o Lagarto Sábio por dentro da sua cama. Aproximou-se e levantou os lençóis para os ver aos dois.
- Queres levá-lo de volta, é? Ele veio comigo sem que eu desse por isso – A Carlota sentou-se na cama e o velho lagarto rastejou para perto dela. – Tens a certeza que ele não pode ficar?
O Jeremias disse que não com a cabeça e aproximou-se dos dois. A Carlota tirou o dedal do velho lagarto e, enquanto lhe fazia festinhas no focinho, explicou:
- Se querem que voltes é porque precisam de ti lá em baixo…E depois, daqui a poucos dias vou ter de voltar para a cidade e aí o que é que tu vais fazer? Os meus pais não te vão deixar vir comigo…
O Lagarto, triste, baixou o focinho por uns momentos, abanou a cabeça e, contrariado, voltou a erguê-la na direcção do dedal, tentando recuperar o seu chapéu.
- É melhor assim…- disse a Carlota, devolvendo o adereço ao bicho.
- Olá Carlota,! Olá Jeremias! – disse a voz electrónica do Ricardo do lado de fora da janela – Posso entrar?
- Sim! Tenho tanta coisa para te contar…- respondeu-lhe enquanto se levantava para o abraçar. – Olha este é o Velho Lagarto Sábio do ténis bota vermelho – explicou a Carlota deixando o Ricardo muito confuso. – Mas já está de partida para a sua casa…
- Velho Lagarto Sábio? Ténis bota? Acho que estás a ficar cada vez pior… – brincou o Ricardo, bem disposto.
- Anda, vamos acompanhá-los à porta dos Lagartos mas tens de prometer, a mim e ao Jeremias, que não contas nada disto a ninguém. É mesmo importante…

O Ricardo, cada vez mais curioso, acompanhou os amigos enquanto a Carlota tentava, atabalhoadamente, contar o que lhe tinha acontecido, misturando umas informações com as outras de tanta vontade que tinha de dizer tudo ao mesmo tempo.

Ao chegarem à entrada de pedra, o Ricardo ficou boquiaberto. Viu o Jeremias aproximar-se e enfiar a cabeça no leitor de escamas que accionou a abertura da porta. O Velho Sábio, amuado, entrou sem olhar para trás. O Jeremias despediu-se dos dois amigos e seguiu-o deixando a porta fechar-se atrás dele.

A Carlota e o Ricardo sentaram-se por baixo de uma árvore onde ela fez um esforço para contar em pormenor todas as suas aventuras, não querendo deixar nada de fora.
- …e foi então que os Velhos Lagartos Sábios me revelaram o que é o tesouro escondido em baixo da casa dos teus pais..
- É petróleo – adiantou-se o Ricardo deixando a Carlota pasmada.
- Tu sabias?
- Ouvi os meus pais falarem nisso ontem à noite, quando achavam que eu já estava a dormir.
- E o que é que eles disseram?
- Eu já te digo mas primeiro acaba a tua história. – pediu o Ricardo, impaciente.
- Os lagartos acham que os teus pais são pessoas muito sensatas. Dizem que o petróleo pode trazer desgraças, ou uma coisa assim que eu não percebi muito bem.
- Sim, pelo que ouvi os meus pais também não estão assim tão certos que esta descoberta é boa, principalmente por causa do Simão, que não os larga.
- Eles também se queixaram do Simão. Sabes que tem andado por aí a escavar por todo o lado?
- Deve andar à procura de mais tesouros… - comentou o Ricardo, irónico.
- Só que as escavações dele estão a pôr o mundo dos lagartos em perigo e eles acham que o melhor, para o fazer parar, é convencer os teus pais a voltarem a furar no mesmo sítio para descobrirem que já não há lá petróleo…
- E já não há ?
- Não, porque eles já o mudaram de lugar. O que os teus pais encontraram pertence a uma reserva que os lagartos usavam para preparar combustível para os tais carros de que te falei.

O Ricardo ficou a olhar para a Carlota com uma expressão triste:
- Lá se foi o nosso tesouro…agora que eu finalmente tinha descoberto o que era…
- Agora temos que nos concentrar numa forma de convencer os teus pais a voltarem a escavar.. Foi isso que os Lagartos Sábios me pediram para fazer.
- Pois é, mas os meus pais decidiram ontem que não querem saber mais, nem mesmo ouvir falar, naquele poço de petróleo. Não sei o que é que lhes podemos dizer, sem contar a história toda dos lagartos.
- É difícil… Ainda ontem tive imensa vontade de contar à minha mãe, por causa do quadro dela. Ela ainda tem esperanças de reencontrá-lo…
- Deixa lá que também ninguém ia acreditar. Até eu. Se não me tivesses trazido aqui, ia estar a pensar que tinhas batido com a cabeça com força demais… - Escreveu o Ricardo a rir-se.
- É… - e ficaram os dois pensativos a olhar para a pedra.

- E o que é que fará no meio disto tudo o Homem sem rosto? Achas que ele também sabe do petróleo? – Perguntou o Ricardo.
- Deve saber. Ele e o Mário devem ter qualquer coisa a ver com o Simão.
- É verdade, quase que me esquecia de te dizer. Ontem a polícia voltou lá a casa só para fazer perguntas sobre o Simão. Parece que é procurado por uma data de falcatruas que tem feito com as casas e os terrenos que vende. Ouvi os meus pais dizerem que o que era bom é que ele fosse preso por uns tempos para deixar de incomodá-los.
- Isso também era bom para os lagartos – concluiu a Carlota depois de pensar um bocadinho. E voltaram a ficar os dois em silêncio.

- Tenho fome!
- Também eu, já deve estar na hora do almoço. Achas que os teus pais te deixam vir almoçar a minha casa? – perguntou a Carlota com vontade de continuar na companhia do amigo.
- Acho que sim, vamos até lá que a minha mãe também vai gostar de te ver.
- Ontem não estava à espera de encontrar o teu pai à minha procura.
- Ofereceu-se logo para ir com o Gaudi ajudar a procurar-te. – escreveu o Ricardo, enquanto andavam na direcção de sua casa, o que fez com que quase fosse esbarrando contra uma árvore, distraído. – Eu também queria ir com eles, mas a minha mãe não me deixou – justificou-se.
...

quinta-feira, maio 29

Dancers/non dancers

Ontem, entalada entre pessoas hirtas que conseguem apreciar concertos bem ritmados sem mexer um músculo, pensava que nas salas de concertos, da mesma maneira que há zonas de fumadores e não fumadores, devia haver zonas para público dançante e público não dançante. O Lux estava à pinha, e como é característico do público lisboeta, em grande percentagem por pessoal com considerável controlo nos seus instintos dançantes. Qualidade (ou defeito) que não possuo... definitivamente! É só começar a ouvir uma batidazita que o meu corpo começa logo a querer mexer-se.
Quando o senhor que estava à minha frente me lançou um olhar fulminante, percebi que os meus movimentos involuntários eram tão irritantes para ele, como a falta de movimento dele era irritante para mim. Consegui entrar no cérebro dele para lhe ler os pensamentos e era qualquer coisa assim: Esta gente, quer dançar vá para as discotecas... A malta vem cá para avaliar a técnica dos artistas e o equilíbrio entre os vários elementos em palco e esta gente saltitante vem para aqui desconcentrar-nos as capacidades críticas... Querem dançar, vão para as discos!!!

Temos pena.... :P

Pedido Urgente!

Senhores programadores, agentes e afins, por favor, NÃO ORGANIZEM CONCERTOS NO LUX!! Eu sei que o espaço é bom, que as condições são boas, mas é um espaço que está cada vez mais armado em “mete nojo e agora já cá só queremos é jet set, por isso vejam o vosso concerto calminhos e bazem que não vos queremos como público” Para juntar ao tratamento antipático a que já estamos habituados, e que o guitarrista dos black lips já se tinha queixado, agora a imperial está a 4 EUROS!!! Estava eu armada em generosa a oferecer uma imperial à minha amiga e ...upsss... 8 euros? Ouvi bem? eeerrrr... ok, a amiga não me deixou pagar... uffaa... Não. o preço dos bilhetes já é caro, ao menos deixem-nos beber a um preço um bocadinho menos roubalheira. Assim não dá.
Depois começou o concerto e foi muito bom, como era de esperar. Os Animal Collective são bons e sabem disso. Só tive pena de sentir pouca troca de energia entre eles e o público. Não houve praticamente comunicação e nem senti espaço para um bocadinho de improvisação mais brincalhona que estava de certa maneira à espera. Senti-os em palco a executar as músicas, a curtir também, mas muito na deles, não foi coisa partilhada entre palco e público e disso tive pena. Enfim, vou culpar o espaço e dedicar a todos os emproados do lux esse grande hit da Cläudia, uma grande artista e recente companheira de escritas e de festas...

"Eu não queria dizer nada mas... Eu não queria dizer nada mas... Eu não queria dizer nada mas tens um pau espetado no cú! Tens um pau espetado no cú!... "

Ora tomem. :P

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quarta-feira, maio 28

Está quase...



Animal Collective!!! :)

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segunda-feira, maio 26

Amanhã à noite no Music Box...

É lançado o primeiro romance do Afonso Cruz, de quem já aqui tenho falado por ter ilustrado o meu livro A Casa do Vento e por ser um dos músicos/autores dos Soaked Lamb.
Eu vou lá buscar o meu autografado, mas, para quem não pode, podem encomendar aqui o vosso exemplar. Digam lá que não promete... :)

“Thriller satírico e psicadélico. Conrado Fortes, um homem cinzento, anónimo, preguiçoso, sem interesses nem qualidades e que ainda vive com a mãe, e Lola Benites, uma atraente e jovem jornalista a juntar informação para fazer um livro sobre seitas secretas, são apanhados separadamente, e por se encontrarem no sítio errado à hora errada, na voragem de uma luta assassina entre lojas maçónicas, pelo segredo de uma delas. É uma história cheia de aventura, suspense e ironia. A sua trama, o primeiro romance que Afonso Cruz edita, «nasceu de várias viagens pelo Leste europeu, América do Sul, Ásia e África, bem como do facto de ter sido iniciado em organizações escusas e religiões em desuso, por vezes animistas e, ocasionalmente, insalubres segundo os nossos padrões de civilidade.”

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domingo, maio 25

Uma relação de amor entre um homem e uma boneca insuflável.

Ridículo? Vemos lá ler o texto de apresentação no cinecartaz do Público...

“Lars Lindstrom (Ryan Gosling), é um homem introvertido, que vive num mundo que criou para si e o impede de viver verdadeiramente. Depois de anos de solidão, convida Bianca, uma amiga cibernauta, a visitar a sua casa. E resolve apresentá-la ao irmão e à mulher. Mas para o espanto de todos, Bianca é uma boneca insuflável que Lars trata como se fosse real.”


Parece um bocado tonto? Pois não é! Se não me tivesse sido recomendado por um amigo de gosto indiscutível, provavelmente não o teria ido ver, mas a verdade é que é um filme absolutamente a não perder. “Lars and the real girl” pega numa história à partida ridícula sem nunca a deixar tocar no ridículo. É um filme que nos envolve do princípio ao fim, com momentos de humor, ternura, tristeza, está lá tudo... e é, tão só, a história de um homem que cria um delírio com uma boneca insuflável, para o ajudar a ultrapassar problemas relacionais. Muito bem escrito, muito surpreendente, original e no fundo, real. Ou não tivesse sido escrito por uma senhora que por acaso também escreveu alguns episódios do Sete Palmos. Querem mais argumentos? Vão ver!!!



"you grow up when you decide to do right, and not what's right for you... what's right for everybody, even when it hurts"

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Em repeat...

preparação para o concerto da semana...



Animal Collective, 4ª feira no Lux :D

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sábado, maio 24

Conquest!!

Parece-me bem para estado de espírito matinal! Olé!! ;)

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sexta-feira, maio 23

Noite Bunny Ranch...

e com o patrocínio passatempo Radar. Uhhuuu! Aí vou eu...



é na ZDB às 23h. Encontramo-nos lá? ;)

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20. De regresso ao buraco

Leitinho e biscoitos... já há muito tempo que não se comia nesta história ;)

A Carlota sentiu-se triste com a última informação do grande Sábio. Ainda não se queria ir embora. Tinha tantas perguntas que lhes queria fazer. Então e a história do Mário e do Henrique? E o homem sem rosto? Mas os lagartos já não a ouviam. O Jeremias e o lagarto mensageiro apressavam-na para que regressasse ao buraco. Em corrida retornaram pelos longos corredores até à grande porta da parede de argila. O Jeremias abriu-a e acompanhou a Carlota até junto dos seus desenhos.

- Esta é a última vez que ouves a minha voz – A Carlota sentiu-se triste – Já sabes que não podes contar nada disto a ninguém.
- Mas eu não vou aguentar… E porque é que não podes continuar a falar comigo?
O lagarto trepou-lhe até à mão que ela levou para perto do rosto. Com o focinho fez-lhe uma festa no nariz. – Não precisas ficar triste, vamos continuar a ser amigos e eu vou sempre arranjar formas de comunicar contigo. Como sempre foi, só que agora temos um segredo. Isso faz de nós amigos, ainda mais amigos.

A Carlota esboçou um sorriso e aproximou-se para dar um beijinho na pequena cabeça do Jeremias que, um bocadinho envergonhado, voltou a insistir.

- Prometes não contar nada a ninguém?
- Prometo – disse a Carlota – Só conto ao Ricardo.
- Nem ao Ricardo – ralhou o Jeremias.
- Mas ele pode ajudar-nos, é filho da Vera e do Tomás e é da mais alta confiança…
- Está bem. Vou consultar a Assembleia e levo-te a resposta antes de acordares amanhã.
- É verdade, que horas são? Há quanto tempo estou aqui?

Nisto começou-se a ouvir o ladrar do Gaudi e a Carlota sentiu passos e vozes a aproximarem-se.
- Adeus minha pequena humana – despediu-se o lagarto, fazendo com que a Carlota sentisse mais uma vez que ela é que era o bicho de estimação dele.

- Hei!! Estou aqui!! – Começou a gritar.
- Carlota!! Onde é que estás? – Era a voz do pai.
- Aqui!! Aqui!! – Gritava o mais que podia só que o buraco estava bem escondido. Se a Carlota não o tinha conseguido ver durante o dia, antes de cair, muito menos iriam vê-lo agora, que já era noite. A Carlota pensou que não a descobririam nunca, ali enfiada.
– Pai!! Mãe!! Venham buscar-me…. – Sentiu a voz falhar com a emoção. Procurou algo a que se pudesse agarrar para trepar por ali acima mas não encontrou nada. Lembrou-se da lanterna que costumava ter na mochila sapo mas não se recordava da última vez que tinha visto a mochila. Olhou em volta e encontrou-a a um canto, caída. Precipitou-se para ela e ia tirar a lanterna quando reparou nas pedras e paus que tinha juntado e, com uma nova energia, começou a atirá-los um a um, com toda a força, tentando fazer com que chegassem à superfície. – Estou aqui!! Neste buraco!!

Viu as primeiras pedras que atirou voltarem a cair no chão mas, finalmente, conseguiu atirar um pau que furou a terra e foi parar a poucos centímetros do focinho do Gaudi que já sentira o cheiro da Carlota por ali. Excitado, começou a ladrar e a escavar tão determinado que todos vieram ajudar.

- Carlota, Estás aí? – Era a voz do Tomás.
- Nós estamos aqui filha, diz que estás bem…
- Estou bem pai, estou bem!! Estou aqui… - Gritou a Carlota a chorar de alegria por sentir o carinho do pai.
- Vai avisar os outros e tragam pás, cordas e coisas que nos possam ajudar – Era a voz autoritária do Tomás.
A luz da lua começou a entrar numa dança com as lanternas dos seus salvadores. O primeiro que a Carlota viu foi o Gaudi que continuava a ladrar e a escavar entusiasmado.
A Carlota tossiu por causa da terra que lhe caía em cima da cabeça e que ia quase engolindo com os soluços do choro.
- Já aqui estamos pequenina, o Henrique foi buscar cordas para te tirarmos daí. – continuou o pai a falar com emoção.
- Eu estou bem, pai!! – Colocou de novo a mochila aos ombros, pronta para partir e ficou a olhar, com um sorriso entre lágrimas, para as luzes que a ofuscavam. – Está tudo bem!!
- Não te dói nada? Andas bem?
- Sim papá, está tudo bem – tranquilizou-o a cada vez mais sorridente Carlota.

Em pouco tempo voltou o Henrique com o Mário e com a mãe.
- Lagartinha, tu estás bem? Tarda nada já estás aqui. – A Carlota percebeu que a mãe também estava a chorar.

Atiraram-lhe uma longa corda com vários nós onde ela se ia apoiando. Sem problemas e, sozinha, foi subindo até um ponto em que, não aguentando a ansiedade, os adultos deram a indicação para que se agarrasse bem e puxaram-na tão depressa que num piscar de olhos já estava a ser abraçada, beijada, acarinhada pela mãe, pelo pai, pelo Henrique e até pelo Tomás que a Carlota sempre tinha pensado que não gostava dela.

Regressaram à casa todos juntos, com o Gaudi aos saltos em volta deles. O Mário aguardava-os à entrada da porta e também ele, na sua forma desajeitada, se mostrou feliz por encontrá-la sã e salva.

A Carlota explicou que tinha caído quando andava a brincar com o Jeremias e que depois devia ter desmaiado ou qualquer coisa porque só se lembra de acordar, já no buraco, onde se entreteve a fazer desenhos na parede para que o tempo passasse mais depressa. Deve ter adormecido e só acordou com o ladrar do Gaudi.

- Ainda bem que tudo acabou bem – Disse o Mário enquanto bebiam leite por canecas e comiam biscoitos na mesa da cozinha.
- Tudo não, tu ficaste sem o teu quadro… - disse a Carlota à mãe, ao lembrar-se triste da decisão irreversível da Assembleia.
A Isabel suspirou e respondeu – Ele ainda vai aparecer…
A Carlota ficou com um apertozinho no coração. Queria contar-lhe mais do que podia e achou que o melhor era ir para a cama dormir sobre o assunto. No caminho para o quarto, passou pelo Tomás que se despedia do Mário à entrada e não resistiu a perguntar.
- O Ricardo pode vir ter comigo amanhã de manhã?
O Tomás baixou-se para ficar à sua altura e fez-lhe uma festa na cabeça.
- Eu digo-lhe para vir logo de manhãzinha. Aliás, tenho impressão que ele nem deve conseguir dormir muito com a excitação de saber o que é que te aconteceu.
- Obrigada Tomás! – A Carlota deu-lhe um beijinho no rosto e, estava já a avançar para o quarto, quando ele a chamou.
- Carlota, eu queria pedir-te desculpa pelos últimos dias. É que tenho andado enervado com muitas coisas e tenho me portado um bocado mal com toda a gente.
- Não faz mal. – Disse a Carlota com um sorriso sincero e continuou a andar.

- Oh!! – soltou a Carlota, já no seu quarto, ao encontrar um pequeno Velho Lagarto Sábio muito enfiado na sua sandália, com um grande dedal na cabeça – Tu ainda estás aí? Como é que eu não te senti?
O Lagarto deu duas voltas na sandália que a Carlota tinha acabado de tirar do pé e continuou a dormir muito sossegado. Ao apagar a luz, a Carlota desejou sonhar que estava simplesmente a dormir e o seu desejo foi concretizado.
...

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quinta-feira, maio 22

Siga para o Alkantara!

Depois do Indie, da Monstra e do Fimfa é a vez do Alkantara Festival. Já estive a espreitar por alto a programação e, do que conheço, há dois espectáculos que não quero perder. O do Tiago Rodrigues e o da Patrícia Portela, por já ser fã incondicional dos dois. Depois há o Tiago Guedes, que conheci muito no iníciozinho e já há algum tempo que estou curiosa para voltar a ver, talvez seja desta. E depois, há tanta coisa que não conheço... é verdade que hoje em dia não podemos mesmo queixar-nos de falta de oferta de coisas boas para fazermos nos nossos tempos livres... agora já só podemos mesmo é queixar-nos da falta de tempo e dinheiro para conseguirmos ver tudo o que anda por aí ;P
A espreitar aqui a programação completa.

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FODA-SE!!!!!!

para ouvir bem alto e com espaço para partir tudo!

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segunda-feira, maio 19

A grande mentira…

… da minha vida foi os meus pais terem me dito que nasci em 73. Não é possível, porque assim, e feitas bem as contas, ontem fiz 35 anos de idade. Ora, alguém me dá 35 anos de idade? Não… e às vezes, se me dão 25, já vou com muita sorte ;) Enfim… coisas da vida que às vezes nos valem prendas muito fixes…


… esta foi uma das que recebi hoje dos coleguinhas da casa da criação… só para fazer inveja :P

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sábado, maio 17

A não desperdiçar a oportunidade…


Na segunda feira o espectáculo "As Pequenas Cerimónias" é aqui também no Museu da Marioneta, no claustro e DE ENTRADA LIVRE! Às 21h30. Encontramo-nos lá? :)

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Alguém viu um gato a passar no meio do espectáculo?

Era a minha pergunta mais pertinente à saída do Museu da Marioneta onde fui ver o primeiro espectáculo da FIMFA este ano. E a verdade é que mais ninguém tinha visto. Eu própria comecei a pensar que tinha alucinado no meio do fabuloso espectáculo apresentado pela Buchinger’s Boot Marionettes, “The Armature of the Absolut”.
… E o espectáculo proporcionava-se a isso, porque entramos num mundo surreal e simbólico, povoado por maravilhosas criaturas assombrantes onde até existia, imaginem, uma bela passarola!!! (infelizmente não encontrei nenhuma imagem deste boneco pela net, mas se amanhã passar por eles, ainda lhes pergunto se me deixam fotografar ;) O espectáculo é, não só rico nos pormenores e materiais das marionetas, como também nas técnicas de manipulação utilizadas, que vão desde as técnicas normais, à projecção de imagem e até à cana de pesca!!!! É verdade, houve uma marioneta que foi literalmente pescada. Os manipuladores pareciam verdadeiros gigantes em palco que, com as suas personagens/ máscaras interagiam com as restantes criaturas, muitas delas verdadeiramente minúsculas ao pé dos manipuladores. A luz e as ambiências sonoras, apesar de algumas falhas de som, estavam fantásticas e ainda nos presentearam com deliciosos momentos de humor. Foram 60 minutos muito bem passados, com uns pequenos binóculos na mão (cedidos pela companhia) que me fizeram sentir qual marquesa em tempos idos a assistir a grandioso espectáculo de ópera. :)

Depois ainda houve mais. À saída do Museu o espectáculo de rua “Mogrr…”.
Um espectáculo bem disposto, que vai andar a passear por aí e que nos apresenta pequenos monstrinhos com problemas em aceitar a autoridade. O manipulador/actor é um misto de Mr Bean/ Monsier Hulot em versão monstruosa mas simpática, que vai interagindo com o público, com muita brincadeira e palhaçada à mistura. Foi muito engraçado ver transeuntes, carros e motas a pararem para ver e o criador/manipulador/actor a envolvê-las nas brincadeira.

No fim… ainda tinha uma pergunta sem resposta. Afinal, havia gato ou não havia gato? Era boneco ou verdadeiro? Tive de ir perguntar e…. tchan tchan tchan tchan… HAVIA!!! É um gato a sério, da companhia, que anda por ali e que nunca se sabe se vai entrar e quando vai entrar. Ah há! :P

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sexta-feira, maio 16

E hoje há...

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19. Uma visita guiada por Velhos Sábios, parte II

E cá está a continuação do episódio da semana passada... :)

- E como é que conseguem trazer tantas coisas tão grandes? – Não se conteve a Carlota ao ver os restos de um piano de cauda num canto daquele espaço.

- Um grupo de lagartos organiza a travessia do objecto durante a noite, num carro puxado com cordas, como o que viu com o quadro de sua mãe. Empurra o objecto para um dos milhares de buracos que construímos, iguais àquele onde a menina caiu e depois, os nossos lagartos autorizados fazem a recolha e transporte até aqui.

Enquanto o Lagarto emproado falava, a Carlota acenava com a cabeça para esconder a enorme confusão que tanta informação e novidade estava a criar no seu cérebro.

- Depois, definimos a função de cada um destes objectos e preparamo-los devidamente para que cheguem à respectiva oficina já prontos a serem reutilizados. – Carlota girou a cabeça para conhecer a voz do lagarto dos tecidos coloridos que empurrara o ténis do novo amigo do seu pé.

Avançaram todos para outra redoma, ligeiramente mais pequena, amarela, com um cheiro doce. Mais de metade do seu espaço era ocupado por um gigantesco cilindro de vidro azul. Lá dentro, voavam milhares de insectos de todos os tipos que ela conhecia e não conhecia. O bzzzzzz das suas asas era mais uma vez abafado pelo vidro.

- Neste espaço, criamos alimentos para distribuir por zonas carenciadas ou lagartos que não tenham a possibilidade, ou idade, para subir à superfície. – Voltou a falar o lagarto vestido, enquanto já avançava para uma redoma de vidro escuro, opaco. – E ali fica a nossa fábrica de viaturas.

- Para facilitar este trabalho estudámos o vosso sistema de transportes e desenvolvemos os nossos próprios veículos - Enquanto falava, o Lagarto da voz tremida apontava com a cauda para um conjunto divertido de carros que se encontrava estacionado num grande garrafão de plástico, arrumado a um canto da oficina. Alguns deles eram tão estranhos que a Carlota não conseguiu identificar os materiais com que tinham sido feitos mas distinguiu facilmente uma lata de atum, um teclado antigo de um computador e um camião de brincar de bebé. Todos eles tinham sido transformados e estavam agora ligados a bases feitas de metal que podiam esconder pequenos motores. No entanto, nenhuma das viaturas apresentava rodas, pneus ou qualquer objecto redondo por baixo da base.

- Como é que se deslocam? – Perguntou, enquanto o lagarto do dedal, novamente acordado, tentava entrar para dentro da sandália, acomodando-se de barriga para o ar, entre o peito do pé dela e a fivela que o prendia..

- Utilizamos o motor para accionar um evoluído sistema de locomoção a vapor – explicou a voz menos conhecida do menos emproado dos dois das fitas coloridas, enquanto, com a cauda, apontava para uns veículos que naquele momento atravessavam o ar do lindíssimo jardim das redomas.

A Carlota virou-se ao contrário e aproximou os olhos de uns tubos de vidro transparente que faziam curvas e contracurvas, por entre as muitas redomas coloridas, ao nível dos seus ombros. A imagem era lindíssima! Infinitos oitos transparentes percorriam o espaço, correndo em todas as direcções, furando as paredes de rocha por túneis pouco maiores que o tamanho da sua cabeça. No seu interior circulavam veículos nos dois sentidos sem tocar o vidro. Um espesso vapor quente saía por buracos que furavam as bases metálicas das viaturas e que as mantinha em suspenso, avançando no ar.

- Os nossos motores trabalham maioritariamente com energias naturais mas ainda necessitam de petróleo refinado para o seu perfeito funcionamento – continuou a explicação o mais emproado.

- E é por isso que mantemos aqui perto, uma reserva de petróleo que foi recentemente descoberta durante a construção da casa do cão – Concluiu num tom grave o Sábio dos Sábios.

- Da casa dos teus amigos – especificou o Jeremias – e é aqui que tu nos podes ajudar.

Dentro da cabeça da Carlota começaram a acender-se milhares de luzinhas em simultâneo e ela finalmente começou a juntar todas as peças daquele puzzle tão misterioso com que andava a cismar desde o início das férias.

- Então o vosso petróleo é que é o meu tesouro – percebeu a Carlota, satisfeita com a resolução de mais um mistério. - Foi isso que a Vera e o Tomás descobriram durante as obras e é disso que não querem falar.
- Os seus amigos são muito sábios – afirmou o Sábio dos Sábios – São conhecedores das desgraças e tragédias que uma informação dessas pode trazer a quem não a souber usar.
- Mas o que é que vocês acham que eles vão fazer com isso?
- Talvez voltem a tentar furar o mesmo local. Por isso já mudámos a nossa reserva para outra zona. Mas o problema é que há outro humano que também possui essa informação e esse, anda a furar terrenos um pouco por todo o lado, em busca de petróleo.

A Carlota pensou mais um bocadinho e acabou por se lembrar – Ahhh…o Simão, o construtor que não os larga…
- Com as suas escavações, esse homem tem posto por diversas vezes em perigo o nosso segredo. Ao tentar furar mais fundo, tememos que se aproxime perigosamente de descobrir este espaço, fundamental para a nossa sobrevivência.

A Carlota sentiu-se sinceramente preocupada com a possível destruição de um espaço tão perfeito. – E o que é que eu posso fazer para vos ajudar?
- É preciso que a Vera e o Tomás voltem a furar para que não encontrem nada e é preciso que o Simão saiba disso - A Carlota deliciou-se com o pensamento de que o Jeremias também era um verdadeiro detective. – Tu conhece-los, vais encontrar uma solução. Tenho a certeza disso.
- Bolas! Não sei se consigo – desabafou a Carlota ao sentir o peso da responsabilidade.
- Eu vou continuar a ajudar-te – disse o Jeremias enquanto um lagarto agitado entrava com uma mensagem que o Sábio dos Sábios transmitiu à Carlota .
- Está na hora de voltar para o buraco 35. Os humanos estão naquela zona à sua procura.
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quarta-feira, maio 14

Entretanto parece que...



... este ano vou estar um dia na Feira do Livro a dar autógrafos babados num dos pavilhões da Verbo...
Voltarei a este assunto em breve ;)

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FIMFA8

Já arrancou o Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas com muitas coisas boas para ver. Já tenho o programa na minha mão, eheh... e já vi que há coisa boa, mesmo aqui ao lado no Museu da Marioneta, e muitas mais espalhadas por aí. Vão espreitar aqui o Blog

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segunda-feira, maio 12

Muita erva e grande som...

O Weeds, além de se ser uma grande série, tem sido uma fonte de descoberta de grande som. Esta foi a descoberta que fechou em grande o episódio de hoje, na dois:



Tudo o mais, está aqui.

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Maio, querido Maio…

O mês das cerejas (onde é que elas andam?) e do sol (que mal se faz ver) é também o mês do irs (arghhhhh!), do imposto do selo do carro, do seguro do carro, da inspecção do carro (pós diabos c’o carro que se não me levasse à praia nos dias quentes já estava prestes a insultá-lo. Lançar pragas, não que ainda saiam do meu bolso :S). É ainda festa de anos de 3 membros da minha família mais um sobrinho novo acabado de nascer (que não tem mais que 3 palmos da minha pequena mão e é a coisa mais querida em que toquei nos últimos tempos :) e da maioria dos meus amigos (irra que tenho tendência para os touros), ainda, o dia internacional dos museus (não posso dizer mal da quantidade de trabalho a entrar, mas é trabalho!!! ) e tanta coisa para tratar e acima de tudo, uma festa de anos para organizar... Este ano entro nos 35, contagem decrescente para os 40 (depressão) por isso mesmo, há que comemorar. Se dos 30 até aqui só tive coisas boas a acontecer, estes próximos cinco anos não serão diferentes. No meio de todo este lufa, lufa… ahhhhhh… Hoje foi dia de massagem oferecida pela casa da criação. Ahhhhhhhhh… baba a escorrer… :) :) :) :) :) :P

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sábado, maio 10

19. Uma visita guiada por Velhos Sábios, parte I

Com um dia de atraso, sai mais uma Carlota no país das maravilhas... Este capítulo também dividido em 2 por ser muito grande. A descrição do planeta dos legartos continua já na próxima semana. :)

A saída da sala da Assembleia foi de tal forma bonita, que a Carlota pensou estar a assistir a um espectáculo coreografado para uma grande companhia de lagartos. As centenas de milhares de animais que faziam parte da Assembleia começaram a sair, ordenadamente pelas filas de trás. Os primeiros foram os lagartos do chão, paredes e tecto, da última fila que se movimentaram em simultâneo, rastejando com passos ensaiados para desenhar um triângulo no ar, virado para a grande porta da saída. Quando o lagarto que encabeçava a fila chegava ao limite da porta, os lagartos do chão, paredes e tecto da penúltima fila começavam a rastejar, indo unir-se ao centro do triângulo formado pela fila anterior e por aí adiante até chegar aos da primeira fila junto do palco.

Sucessivamente foram-se desenhando triângulos na sala que se uniam e sobrepunham, criando a ilusão óptica de uma sucessão de formas geométricas em perspectiva que atravessava todo o espaço e que, coordenadamente, se movimentava para sair.

Sem que a Carlota desse por isso, o seu queixo começou a cair de admiração em direcção ao peito e o pequeno lagarto do dedal aproveitou a distracção para se aproximar. Já tinha percebido que ela não constituía perigo e sentia-se envergonhado pela sua reacção anterior. Devagarinho começou por fazer as pazes com a sandália que o deixou trepar por ela acima e pedia já desculpa ao tornozelo da Carlota quando esta se apercebeu que tinha companhia. Devagarinho baixou-se para lhe fazer uma festa na cabeça. O lagarto, satisfeito, deu umas voltas por cima do seu pé para se acomodar melhor na sandália. A Carlota sorriu e voltou a dirigir os olhos para o último triângulo verde que desaparecia agora da sala.

Tinha chegado a vez dos Velhos Lagartos Sábios mas nada acontecia. Olhavam todos para o velho ténis que não mostrava vontade de se mexer. O Lagarto do anel cor de laranja fez o sinal aos outros que olharam para o viajante do pé direito da Carlota, percebendo que era inútil esperar o cumprimento de regras por parte deste colega. O Sábio dos Sábios consentiu a infracção e os lagartos das sabrinas azuis levantaram-se exactamente ao mesmo tempo e começaram a andar. Entretanto, levantavam-se já os ocupantes dos sapatos vermelhos e, no momento certo, também o fizeram os inquilinos dos sapatos pretos. O último a largar o seu trono foi o Sábio dos Sábios que veio ocupar um lugar entre os colegas dos saltos pretos que estavam agora à frente da Carlota. Começaram a andar e os Sábios emproados das fitas na cabeça colocaram-se um de cada lado da Carlota, indicando-lhe que deveria caminhar entre eles. Os Sábios das sabrinas escoltavam o Jeremias logo atrás dela.

Ao longo do caminho por uma passagem semelhante às que já atravessara, a Carlota teve que fazer um esforço enorme para não estragar a marcha dos Sábios. Os seus pés eram tão grandes e os seus passos tão diferentes dos rastejantes lagartos que foi o tempo todo com medo de pisar alguma daquelas sapientes criaturas. Isto para não falar do cuidado que teve que ter para não deixar cair o Lagarto do dedal que já dormia bem confortável no seu pé.

Quando por fim os lagartos pararam, a Carlota respirou de alivio. Só depois reparou na beleza do enorme espaço que a rodeava. Nunca tinha visto nada assim. As paredes e tecto daquela imensa caverna estavam pintadas a branco e brilhavam com uma luminosidade tão bonita como a Carlota nunca tinha visto na vida. Mais uma vez o queixo tentou fugir-lhe para o peito, o nariz deleitou-se com a frescura do ar e os olhos não pararam de piscar, tentando captar toda a beleza do espaço.

No chão do interior da terra existia um imenso jardim relvado, de onde nasciam plantas, flores e até troncos de árvores tão altos que furavam a enorme massa terrestre até à superfície. As clarabóias naturais que criavam, deixavam espreitar fracos raios de sol para aquele mundo irreal.

Até parecia que estava dentro de um desenho ou de uma pintura. Era tudo tão estranho e tão bom ao mesmo tempo que a Carlota se esqueceu dos pequenos lagartos aos seus pés e começou a andar em volta, sem prestar atenção. Os Velhos Sábios tiveram mesmo de perder a compostura para encontrar refúgio longe daqueles passos indomáveis. O Jeremias percebeu mas não interferiu. Todos imaginavam o que seria ver aquele espaço pela primeira vez para uma pequena humana.

Das raízes das árvores cresciam redomas feitas de vidros de cores diferentes como se fossem cogumelos e, dentro delas, grupos de lagartos circulavam apressadamente em redor de objectos, libertando sons abafados que pareciam ser de obras. Carlota quis aproximar-se para ver melhor e lembrou-se finalmente dos seus guias.

- Desculpem. Parece que me deixei perder… - disse baixinho enquanto se inclinava para espreitar o esconderijo dos Sábios. Eles aproximaram-se a medo mas continuaram as suas explicações:

- Aqui fica o núcleo do complexo sistema de comunicações que liga várias comunidades de répteis. – explicou o Sábio dos Sábios de uma distância segura.

- Dentro de cada oficina – continuou o da voz tremida - os lagartos trabalham as matérias que trazemos da superfície.

Lentamente começaram a aproximar-se para que a Carlota pudesse espreitar a redoma de vidro vermelho que era pouco mais baixa que ela. Agora com mais cuidado, ela ajoelhou-se à entrada e sorriu ao identificar a confusão de cores, cheiros e ruídos que ocupavam aquele espaço. A imagem era a de uma grande fábrica, toda construída com restos de materiais que ela conhecia bem do seu mundo: garrafas de plástico, latas de alimentos, bocados de máquinas de utilizações diversas, objectos de vidro, madeira, plástico, restos de tecidos e até partes de brinquedos de criança eram ali reutilizadas com outros objectivos.

- Todos estes materiais são cuidadosamente seleccionados e trazidos das vossas lixeiras ou centros de reciclagem. - A Carlota não pode esconder um sorriso quando o emproado dos emproados utilizou a expressão cuidadosamente seleccionados para se referir àquela mistura de tralha.
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quarta-feira, maio 7

prédios aquáticos...

... que me passam à frente dos olhos, quando menos espero. :)

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terça-feira, maio 6

Finalmente! Feromona em vídeo!

Já estava há espera disto há muito tempo. Gosto deles desde a primeira vez que os ouvi, adoro as letras deles e tenho imensa pena de ainda não os ter visto ao vivo. Está na lista das bandas a ver! Já muitas vezes tinha procurado por vídeos no you tube e agora quando chega… adoro!



Gosto destes gajos! Quero muito, muito, muito, ver o Mustang em vídeo, pode ser ó feromonas? Alem de tudo mais, são generosos e têm as músicas disponíveis para download aqui, entre muitas outras coisas boas. Vão lá sacar som que vale a pena. ;)

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sexta-feira, maio 2

PowerSolo

A grande descoberta da noite de ontem no Music Box. Dois grandes concertos, uma grande noite!



Mais para ouvir, aqui.

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18. A Assembleia dos 8 Sábios, parte II

e cá vem a segunda parte do capítulo da semana passada. enjoy! :)

– Rrrhorrrhon!! – Com um movimento dentro do ténis-bota, o Lagarto do dedal denunciou-se. Todos os lagartos olharam na sua direcção e começaram, praticamente ao mesmo tempo, a emitir sons estranhos:

- Zrupt extrup qruac!!
- Rispit!!
- Zrupt zrupt!!!

A Carlota estava mesmo confusa a olhar de um lado para o outro, quando o Jeremias, com o seu ar sorridente, explicou – Aquele Lagarto está sempre a dormir onde não deve. Desta vez, deve estar a ressonar desde o início da Assembleia….
- Ah!! – Fez a Carlota enquanto continha uma imensa vontade de rir.

- Rispit!! Rispit!! – continuavam os outros lagartos.
- O que tu não percebes são ofensas… os Sábios estão furiosos!!
- Rispit?? – Sorriu a Carlota para o Jeremias.

Entretanto, o lagarto vestido com panos coloridos levantou-se da sua sabrina e dirigiu-se lentamente, com um ar zangado à bota vermelha que começou a abanar com as patas até conseguir derrubá-la. Depois afastou-se e ficou a assistir ao espectáculo.

Ao virar-se, o ténis caiu sobre uma espécie de rolo de madeira, que rolou, bateu numa pequena estrutura fixa ao chão e voltou para trás, dando à bota o impulso suficiente para se virar sobre outro rolo de madeira, que se encontrava do outro lado do sapato que, da mesma forma, lhe deu um novo impulso para voltar a cair sobre o primeiro rolo. Por uns minutos ficou assim, balançando de um lado para o outro como se fosse um brinquedo num parque infantil ou uma cadeira de balanço que, com o movimento vai ganhando velocidade. Para a esquerda e para a direita, para a esquerda e novamente para a direita cada vez mais depressa.

Os restantes lagartos Sábios olhavam habituados para o ténis que abanava cada vez mais rápido. A Carlota não conseguia perceber o que se passava. Parecia que embalavam o lagarto para dormir melhor, mas então, porque é que estavam tão zangados por ele estar a dormir?

Nada daquilo fazia sentido, até ao momento em que o sapato ganhou tanta velocidade que seria impossível que o lagarto ainda dormisse dentro dele. De repente, já não são os cilindros que embalam o sapato mas o sapato que vai fazendo movimentar os cilindros, tocando cada vez mais no extremo da bota.

A Carlota percebeu pela falta de reacção dos lagartos que ela era a única que não estava à espera do que se sucedeu.

Subitamente o rolo do lado direito fugiu do sapato deixando que ele desse duas voltas completas para esse lado, até tropeçar novamente no rolo fugidio que, desta vez não o balança, mas colide com ele com tanta força, que um risco verde é projectado de dentro do sapato como uma bala. Atravessa o ar, bate com força contra a parede, faz ricochete e aterra de cabeça caindo com tanta violência com o dedal no chão que emite um grande TAAAAUUUUUUUMMMMMM como fazem os sinos das igrejas, ficando o lagarto dorminhoco praticamente enterrado lá dentro.

Ensurdecida pelo som, a Carlota não consegue tirar os olhos do objecto metálico, de onde sai uma cauda e duas perninhas verdes penduradas para os lados que se mantêm imóveis durante uns segundos. É um dedal muito maior que aqueles que a Carlota conhece e ela diverte-se tentando imaginar o tamanho das mãos da criatura que teria utilizado aquele utensílio. Os outros lagartos retomam muito sérios e silenciosos as suas posturas nos respectivos lugares.

A cauda do bicho começa a abanar. Para a frente e para trás, para trás e para a frente. O dedal começa a mover-se proporcionando um espectáculo delicioso para toda a Assembleia, a do palco e a dos espectadores.

A Carlota já se tinha esquecido do quadro da mãe e o riso começava a sair-lhe sem autorização. O lagarto consegue finalmente desequilibrar o dedal que cai na horizontal fazendo um ligeiro Toooiiiiinnnggggg deixando o bicho mais uns segundos imóvel na sua prisão.

O riso da Carlota aumenta. O Lagarto começa a rastejar na sua direcção. Está praticamente aos pés dela, empurrando o dedal sem conseguir sair de dentro dele. A Carlota sente mais uma vez vontade de ajudá-lo mas ele está tão cómico que é difícil interromper a cena.

O bocado de metal vai-se aproximando cada vez mais da Carlota em zigue zagues, provocados pela cauda que se agita sem parar. Está tão perto, que a qualquer momento pode chocar contra as suas sandálias. Carlota ainda mexe os pés, mas o bicho parece atraído pelo seu calor. As sandálias dela já não têm mais por onde fugir e o inevitável ocorre. O animal choca mais uma vez com toda a força, agora contra ela. Tooooiiiiiiiggggg!

O dedal volta a colocar o lagarto de pernas para o ar, anunciado que um novo espectáculo está prestes a começar. A Carlota não consegue controlar as gargalhadas e, embora não consiga ouvir o som de risos semelhantes ao seu, consegue perceber, pelo barulho divertido que fazem com as patas, que está rodeada de lagartos muito bem humorados. O dorminhoco volta a tentar reagir mas desta vez a Carlota não se contém e, cheia de boas intenções, agarra no dedal com uma mão para retirar o lagarto com a outra.

Mas os sustos do lagarto da bota ainda não terminaram. É que o pobre e velho animal está há tantas centenas de anos a viver no subsolo, que já não se lembra de como se parece uma menina e que altura tem. Foi pior a emenda que o soneto. O bicho, liberto do chapéu, agita-se com todas as forças que tem, preferindo mil vezes o conhecido e seguro dedal àquela mão daquele monstro desconhecido. Carlota tenta acalmá-lo mas é inútil, o animal mexe-se e remexe-se na mão gigante dificultando o seu salvamento. Aterrorizado acaba por morder um dos dedos da Carlota que rapidamente o põe no chão, ofendida com a sua ingratidão.

Ao sentir as patas finalmente em terra, o bicho pisga-se num piscar de olhos e esconde-se atrás do seu sapato desportivo onde fica escondido durante uns segundos. A voz do Sábio dos Sábios repõe ordem a toda a agitação.

- Caro colega, podemos prosseguir com a nossa Assembleia?

O bicho espreita apavorado enquanto devagarinho a Carlota pousa o dedal perto do velho ténis. Para não o assustar mais, afasta-se alguns passos e volta a dirigir a atenção para o Sábio dos Sábios.

- Penso que estávamos a falar do quadro da minha mãe – diz baixinho..

O Sábio dos Sábios tinha dado a ordem e dois lagartinhos puxavam numa espécie de carrinho, a tela da mãe da Carlota que se aproximava lentamente. Ainda estava escondida por trás do lençol branco que tinha desaparecido com o quadro e que um dos lagartos puxava agora com os dentes. A pintura ficou finalmente a descoberto.

Enquanto o lagarto assustado voltava a medo para a sua bota, levantava-se outro Lagarto Sábio do seu sapato preto e rastejava até ao quadro para apontar com o alfinete d’ama que trazia preso na cauda, aquilo que a Carlota já estava a adivinhar.

- Consegue-se distinguir perfeitamente um lagarto a abrir a entrada principal para o nosso domínio. - Com um movimento da cauda, o alfinete desenhou no ar uma circunferência em volta desse pormenor que ocupava uma zona de relevo na pintura. A Carlota não conseguia perceber como é que a mãe tinha conseguido captar exactamente esse momento. Teria ela tido consciência do que estava a ver?

- Mas vocês não podem ficar com o quadro só por causa disso. As pessoas não vão conseguir perceber o que está ali… - atreveu-se a Carlota.
- Mas esse é um risco que nós não podemos correr – explicou o Sábio dos Sábios.
- Já não é a primeira vez que alguém repara no formato da pedra mas o quadro denuncia completamente a sua função. – continuou o lagarto da voz tremida.
- Até eu já tinha visto a pintura e não tinha conseguido ver isso..
- Mas um olhar mais sério e prolongado certamente que captará a acção que aqui se desenrola. – voltou o Sábio dos Sábios. – A nossa decisão foi ponderada e com base na opinião de todos os membros da nossa espécie que atempadamente foram observar o objecto à superfície. Ela é irreversível.

- Então continuo sem perceber o que estou aqui a fazer – disse a Carlota contrariada – quase que preferia não ter sabido do quadro…
- É que existiu outra ocorrência mais grave e para a qual não encontramos solução – voltou o lagarto da voz tremida, enquanto os outros lagartos confirmavam com as suas cabeças. Entre o ténis vermelho e o dedal prateado, saiam dois pequenos olhos assustados que acompanhavam toda a conversa.
- Mas para perceber melhor, gostava que nos acompanhasse numa visita pelo centro das nossas instalações.
...

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quinta-feira, maio 1

weeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeekend!!

Pronto! O episódio de amanhã já está escrito (com a bela inspiração da vista do rio :P) e estou oficialmente de fim de semana prolongado! Agora só peço mais solzinho e calor para ir para a praia amanhã, e depois, e depois, pode ser? :)

Entretanto, hoje à noite comemora-se no Music Box, com Heavy Trash. Bora? ;)

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