passarola quer voar: Constatações sobre Gonçalo M. Tavares

sexta-feira, fevereiro 22

Constatações sobre Gonçalo M. Tavares

"Por «Berlim», de Gonçalo M. Tavares, deambulam um homem e uma mulher carregando cada um deles um peso às costas - um segundo actor que lhes segreda coisas ao ouvido, como uma espécie de consciência, anjo e demónio." in Diário Digital


Depois de ter ido ver ontem a peça Berlim à Comuna constatei duas coisas. A primeira, já desconfiava desde o primeiro livro que li do Gonçalo, é que ele gosta mesmo de mijar. Mais uma vez temos uma personagem a sentir um enorme prazer em mijar e durante o maior período de tempo jamais visto no teatro, cinema ou mesmo na vida real… mas não se preocupem que não é ao vivo nem em tempo real ;) A segunda é que é o meu escritor/pensador contemporâneo favorito. Tudo bem, tive algumas desilusões mas, quando os primeiros trabalhos são logo muito bons é difícil manter a fasquia. Agora com o Berlim voltei a ter o mesmo deslumbramento que tive com o Jerusalém, o primeiro livro negro que li dele e que amei ao primeiro parágrafo. Gosto da forma directa e violenta com que o Gonçalo M. Tavares retrata o homem, gosto da forma directa e rápida com que ele usa as palavras, gosto do humor negro, gosto da humanização/desumanização das cidades. Gosto!
Mas verdade seja dita que o mérito aqui não é só dele mas das opções de encenação, cenografia, trabalho de actores, de tudo.
E no fim… apetecia ver mais. Apetecia ver muito mais.
Já só está em cena até dia 8 de Março, por isso despachem-se a agendar isso e não se esqueçam que às 4as e 5as o bilhete é mais barato… ;)