A criatura do poço
Se o meu gato não me tivesse vindo acordar a meio da noite, nunca teria dado por nada. Talvez a noite tivesse passado e eu agora estava a acordar com o despertador, como todos os dias acordo. A levantar-me do quentinho da cama, a reclamar com o frio do inverno e a avançar para esta mesma casa de banho de onde não sei se algum dia terei coragem para voltar a sair. Estaria agora a olhar para o reflexo dos meus olhos ensonados e a ver a imagem de mim que sempre conheci. Eu não sou esta criatura que o espelho reflecte. Eu não quero ser esta criatura que o espelho reflecte… Se pudesse fazer retroceder o tempo doze horas… bastavam-me doze horas, e poderia mandar calar o gato, virar-me para o outro lado e continuar a dormir. Mas não. Acordei, ouvi o barulho e levantei-me. Assustada, mas curiosa, enfiei as botas e um casaco quente por cima da camisa de dormir e fui espreitar à janela.
No meu quintal tinha nascido um poço de pedra!
Assim como nasce um pé de feijão gigante numa história de crianças, no meu quintal tinha nascido um poço de pedra! E o pior, é que não tinha nem galinha de ovos de ouro nem gigante no fundo. O que lá estava era algo indescritível e inimaginável que eu desejava poder nunca ter conhecido. Mil gigantes à criatura que teve o prazer de me desfigurar em apenas alguns minutos. Onze horas e quarenta e cinco minutos. Se voltasse onze horas e quarenta e cinco minutos atrás, ainda iria a tempo de me salvar. Fiquei cerca de quinze minutos a olhar para o poço pela janela a tentar explicar o que estava a ver, a pensar que lá fora estava frio de mais para sair de casa e que de manhã teria mais do que tempo para sair e confirmar que me tinha brotado um poço de pedra no quintal. Mas não resisti à curiosidade. Enfiei umas meias e umas calças quentes por baixo da camisa de dormir, uma camisola de lã por cima, voltei a vestir o casaco e apertei-o bem para me proteger do frio. Saí para o quintal e avancei assustada para o poço. Se voltasse onze horas e trinta minutos atrás, ainda podia afastar-me e voltar para dentro de casa como se nada de estranho tivesse acontecido. Tinha nascido um poço de pedra no meu quintal, ponto final, vamos voltar a dormir. Mas espreitei para o fundo do poço e a partir desse momento de nada me valia voltar onze horas e vinte e nove minutos atrás. Já era tarde demais…
No meu quintal tinha nascido um poço de pedra!
Assim como nasce um pé de feijão gigante numa história de crianças, no meu quintal tinha nascido um poço de pedra! E o pior, é que não tinha nem galinha de ovos de ouro nem gigante no fundo. O que lá estava era algo indescritível e inimaginável que eu desejava poder nunca ter conhecido. Mil gigantes à criatura que teve o prazer de me desfigurar em apenas alguns minutos. Onze horas e quarenta e cinco minutos. Se voltasse onze horas e quarenta e cinco minutos atrás, ainda iria a tempo de me salvar. Fiquei cerca de quinze minutos a olhar para o poço pela janela a tentar explicar o que estava a ver, a pensar que lá fora estava frio de mais para sair de casa e que de manhã teria mais do que tempo para sair e confirmar que me tinha brotado um poço de pedra no quintal. Mas não resisti à curiosidade. Enfiei umas meias e umas calças quentes por baixo da camisa de dormir, uma camisola de lã por cima, voltei a vestir o casaco e apertei-o bem para me proteger do frio. Saí para o quintal e avancei assustada para o poço. Se voltasse onze horas e trinta minutos atrás, ainda podia afastar-me e voltar para dentro de casa como se nada de estranho tivesse acontecido. Tinha nascido um poço de pedra no meu quintal, ponto final, vamos voltar a dormir. Mas espreitei para o fundo do poço e a partir desse momento de nada me valia voltar onze horas e vinte e nove minutos atrás. Já era tarde demais…
a ser continuada
Etiquetas: A criatura do Poço, curtas, sobrenatural
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