passarola quer voar: 22. Uma ideia genial.

sábado, junho 7

22. Uma ideia genial.

uns minutos fora de tempo... aqui vem o desta sexta feira :)

Durante todo o almoço o Ricardo permaneceu pensativo. Observava, distante, a Isabel o Jorge, o Mário e o Henrique que falavam animados do resgate da Carlota e de todas as coisas estranhas que tinham acontecido naquelas férias. A determinada altura, quando o assunto do roubo do quadro e das investigações policiais veio à baila, fez um enorme sorriso e olhou para a Carlota como se tivesse qualquer coisa para lhe dizer. Por isso, assim que puderam, escaparam-se para a tenda branca onde o Ricardo começou a escrever freneticamente.

- Eu acho que tive uma ideia. É um bocado maluca mas podia ajudar-nos a todos. Resolvíamos todos os mistérios de uma assentada só e ninguém ficava a perder. Para isso temos que falar com o Jeremias e combinar tudo muito bem mas a mim parece-me a solução ideal. Afastávamos o Simão, devolvíamos o quadro à tua mãe e púnhamos um ponto final sobre isto tudo. Parece-me mesmo que tive uma ideia egnial!
- Calma, escreve mais devagar e não troques as letras que agora quem não está a perceber nada sou eu.

O Ricardo, corado com a excitação, começou a descrever a sua ideia.
- O que é que acontecia se, através de um telefonema anónimo, com uma voz irreconhecível, a polícia descobrisse o quadro da tua mãe escondido num quarto de uma residencial onde se encontra uma certa pessoa?
- Essa pessoa ia presa?
- Se a polícia já anda atrás do Simão, pode ser o suficiente para o afastarem por uns tempos…
- Eu acho que escrevi o número do quarto dele no meu caderninho…- Lembrou-se a Carlota, entusiasmada.
- Agora só temos que falar com o Jeremias…
O sorriso da Carlota caiu ao lembrar-se da forma como o Sábio dos Sábios tinha dito que não voltariam atrás com a decisão do quadro – Mas eu acho que eles não vão nessa…

O Ricardo pensou mais um bocado e escreveu – Achas que não há maneira da tua mãe alterar essa parte do desenho?
A Carlota já ia a dizer que duvidava quando se lembrou de uma coisa que fez os seus olhos brilharem e o seu sorriso levantar-se, mais alegre do que nunca. – É isso mesmo, vamos depressa procurar o Jeremias. – e largaram os dois a correr o mais depressa que podiam, esquecendo-se de que o almoço ainda passeava pelo estômago.

Encontraram o lagarto depois de umas mil voltas entre a casa do Ricardo e a casa da Carlota, a casa da Carlota e a casa do Ricardo. Estavam exaustos de tanto correr e com o almoço por digerir.

- Jeremias!! Tivemos uma ideia!! – Atiraram-se para o chão ao pé dele e começaram a explicar a sua estratégia. O lagarto ainda não estava muito convencido mas, depois da Carlota descrever muito bem a forma que tinha encontrado para apagar a entrada da Assembleia do quadro da mãe, o sorriso dele pareceu aumentar e, em poucos minutos, desapareceu para consultar os 8 Velhos Lagartos Sábios.

A Carlota e o Ricardo esperaram e desesperaram pela conclusão A digestão já estava mais que feita e o Jeremias nunca mais regressava. Para libertarem energias resolveram ir nadar para a piscina. No caminho, a Carlota ainda se lembrou:
- E quem é que nos leva à vila para fazermos o telefonema?
- E se hoje fossemos todos jantar fora? – Lembrou-se o Ricardo - Tu pedias aos teus pais para convidarem os meus para agradecer a ajuda que deram ontem e eu dizia ao meu pai para nos convidar a todos, para compensar o mau feitio com que tem andado. Não pode falhar!!!
- Tu és mesmo bom!!! Mas é melhor não escreveres quando estás a andar que já ias esbarrando contra outra árvore…- aconselhou a Carlota, divertida.

Deram uns bons mergulhos e a tarde já estava quase no fim quando o Jeremias espreitou pela borda da piscina, fazendo-lhes um sinal para que o seguissem até dentro de casa. Aí, trepou para cima da zona da lareira onde estava um relógio antigo que já não funcionava há muitos anos. Com a cauda movimentou os dois ponteiros, o das horas e o dos minutos, para junto do número 12.

- Doze? Queres dizer meia-noite? – O lagarto confirmou com a cabeça. – É a hora a que vocês vão levar o quadro?
- Então não vale a pena ligarmos para a polícia hoje…- concluiu o Ricardo.
- Mais vale combinarmos um almoço amanhã…
- Um almoço de domingo, parece-me bem – escreveu, satisfeito.
- E as ruas não são tão assustadoras de dia – alegrou-se a Carlota ao recordar a última experiência que passara na vila.
- Espera lá, e se o Simão descobre o quadro e se livra dele antes da polícia chegar? – lembrou-se o Ricardo.

O Jeremias sorriu, pouco preocupado e rastejou até ao quarto da Carlota. Dirigiu-se à mochila e enfiou-se dentro dela, muito bem escondido.
- Queres dizer que o vão esconder bem? – deduziu a Carlota. O focinho sorridente espreitou por uma pequena abertura.
- Por ver a mochila, deixa-me confirmar já o número do quarto dele. – A Carlota retirou o caderno e procurou – 116, não nos podemos enganar.
- Então fica assim combinado – recapitulou a voz do Ricardo - Eu e a Carlota temos como missão fazer com que os nossos pais combinem um almoço na vila para amanhã. E vocês, tratam de colocar esta noite o quadro no quarto do Simão. Se houver algum problema, comunicamos amanhã de manhã.

Os três companheiros acenaram afirmativamente e separaram-se para cumprirem as respectivas missões. O Ricardo ainda não tinha partido há uma hora quando o pai da Carlota pegou no telefone para ligar para casa dele. Antes de ter tempo de marcar o número, o telefone tocou. Era o Tomás a convidá-los para um almoço na vila no dia seguinte. Depois de algumas discussões sobre quem convidava quem, marcaram o encontro para as 12h no jardim da praça central. A Carlota e o Ricardo, cada um em sua casa, saltaram de alegria. O plano estava a correr na perfeição.

Depois do jantar, o Mário e o Henrique voltaram a discutir. A Carlota, lembrando-se que ainda tinha outra investigação em curso, aproximou-se sem que dessem por ela. Percebeu que o Mário não iria ao almoço do dia seguinte porque tinha qualquer coisa combinada e não queria dizer o quê. Era por isso que discutiam. - Seria mais um encontro com o misterioso Homem sem rosto? – pensou a Carlota desiludida por não se conseguir dividir em duas para estar no almoço e seguir o Mário ao mesmo tempo.

- Bem, amanhã logo veremos o que acontece. – Pensou antes de se ir deitar.
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