passarola quer voar: outubro 2009

sábado, outubro 31

Tarde demais _ Especial Halloween

Foi um erro. Socorro! Vai-te embora já não te quero, é tarde demais. Nunca devia ter-te deixado lá em baixo tanto tempo, eu sei, mas nem me lembrei que podias vir assim. A ideia era trazer-te acima no dia em que fosses enterrado, mas apeteceu-me viver um bocadinho, tens de compreender, ainda era nova, inexperiente e sabia que no dia em que te trouxesse de volta iria ser para sempre, nunca o faria de outra maneira. Sou fiel por educação ou natureza mas, já que estavas lá em baixo, eu podia aproveitar para aprender as coisas… tu sabes, viver a vida… Agora avanças para mim furioso, eu compreendo, mas tem calma. Não te precipites dessa maneira na minha direcção… Não sem antes, pelo menos, tomares um banho. O teu cheiro é nauseabundo, a carne em decomposição, e, caso não tenhas reparado, estás cheio de vermes a passearem-te pelo corpo. Tens de perceber que não consigo… e mesmo que ainda te quisesse beijar, onde é que tens os lábios que não os vejo? E os teus olhos? O que é que fizeste às tuas bonitas íris azulberlinde? Sabias que eu gostava tanto, não as podias ter perdido. Aiiiiiiiii!!! Não chegues as tuas mãos tão perto de mim! Estão a cair-te os dedos! Estás nojento!… Olha para o teu rosto. Vais ter de fazer uma reconstituição plástica. Não te sobra muita pele, talvez tenhas de levar excertos de animal… olha, que seja um animal macio, agradável ao toque… porque esses cotos de pele ainda saliente e suja dessa nhanha feita de sangue seco e terra, não me inspira muito desejo. Desculpa se estou a ser muito bruta. Mas consigo ver-te o esqueleto por trás dos restos de pele podre e não é muito sedutor. Aiiiiiiiiiiiiiiiiii!! Afasta-te! Já te disse para não te aproximares tanto. Estás a ouvir alguma coisa do que te estou a dizer? Claro, que estúpida, com esses vermes a passearem por aí, já te devem ter furado os tímpanos… e as orelhas? Tinhas umas orelhas tão perfeitinhas… agora tens uns pendentes de carne a escorregar da cabeça. Ahhhhhh!!! O teu pé! Deixaste o pé para trás!! Mais um remendo! Eu não acredito que me vou casar com um Frankenstein! Isto não estava no manual de instruções de feitiçaria! E agora o que é que eu faço? Prometi-te que ficava contigo, eu fico contigo… mas para já sem muito contacto físico, pode ser? Primeiro tratas de ti e depois, logo vemos como é que as coisas correm. Passaram-se muitos anos, tens de perceber que já não sinto a mesma coisa… tens de reconquistar-me… Lembras-te disso? Pores-te bonito, CHEIROSO, charmoso… Não podes vir assim atacar-me como se fosse um pedaço de carne fresca. Aiiiiiiiiiiiiiiiii! Eu sei que estou a fugir de ti. Mas não é por mal… Só preciso de mais um bocadinho de tempo para perceber o que é que tu és exactamente… E com tanta correria, estou perdida. Que rua é esta? Porra! Caminho sem saída. Não tenho por onde fugir. O que é que estás a fazer? Não aproximes essa cara putrefacta de mim! Vais morder-me? Não! Queres beijar-me! Socorro! Que nojo! Mmmmmmmmmblharghhhhh! Que sabor horrível! Não acredito que fui beijada por um… mas… o que é q… o que é que te está a acontecer? Uau! Estás a voltar? Consigo ver os teus olhos azulberlinde… onde é que os foste encontrar? E a tua pele… está a ficar jovem e macia! Olha para os teus caracóis, todos limpinhos e penteados, como é que?…
Não interessa! É como nos contos de fadas, voltaste com um beijo meu e agora vamos poder ficar juntos e felizes para sempre. Afinal isso existe! Que lindo! Mas… O que é isto? O que é que está acontecer comigo? As minhas mãos, estão a ficar carcomidas, sinto a pele do rosto a rasgar… aiii, caiu-me o nariz! Estou a apodrecer! Nãããããããããããããoooooooooooo!!

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quarta-feira, outubro 21

As noites aqui por casa...

... são, mais ou menos, assim...



BLUE_Gitanjali Rao

<3

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terça-feira, outubro 13

A tua verdadeira história, contada por mim...

Não sabendo muito bem onde nem em que dia nasceste, vou contar-te como é que eu gosto de me lembrar da nossa história. No momento em que saíste da barriguinha da tua mãe gatinha, com a certeza que não era ali o teu lugar, a uma enorme improbabilidade de distância eu percebia pela primeira vez que estava a precisar de um gato na minha vida. Nesse dia, sem sabermos, começámos a procurar-nos, um ao outro. Era Outubro de 2008. Despistados, não nos encontrámos logo que nasceste pois, se eu achava que tu eras um gatinho amarelo, tu não sabias a morada da nossa casa... Levámos quase quatro meses para nos conhecermos e uma noite de tempestade, no princípio do teu terceiro mês, para seres encontrado pelo rapaz que nos viria a juntar. Refugiaste-te no motor de um carro para te protegeres da chuva e ias ficando sem uma patinha no resgate. Tiveste de ser operado e eu tive de esperar ainda mais uma eternidade para saber que tu já estavas no bom caminho para chegar a casa. Quando finalmente apareceste, vinhas com a pata depilada, tresandavas aos maus cheiros da transportadora e da veterinária e eras um gatinho preto muito maior do que eu estava à espera mas, no momento em que te vi, tive a certeza que eras meu. E tu… desataste logo a correr pela casa toda, com a confiança de quem sabe que chegou ao seu destino. Gatinho reguila, que não gostas de ser agarrado, deixaste-me pegar-te ao colo… e depois, assim que desconfiaste que o rapaz que te trouxe se preparava para sair, escondeste-te muito bem escondido debaixo da minha cama como que a dizer que era aqui que querias ficar.
E se muita gente não sabe, eu sei que é por isso que ainda hoje te escondes debaixo da minha cama sempre que tocam à campainha… não vá alguém lembrar-se de te querer levar para longe de mim…



Parabéns Amon, pelo teu primeiro ano de vida!

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sexta-feira, outubro 9

Hoje há Moriarty

No IFP, integrado na programação da Festa de Cinema Francês, cuja programação podem espreitar aqui.


Moriarty _ Lovelinesse

O concerto é às 21h, 12€ a entrada...
Quem vem? :)

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quarta-feira, outubro 7

As beringelas assassinas… O outro lado…

As beringelas suspiraram de alívio ao ver a mulher a afastar-se. Tinham visto a morte mesmo à frente do caule. Conseguiram ainda pressentir a presença dela a espreitá-las do interior da casa branca até à hora em que todas as luzes se apagaram.
Mas mesmo depois disso, os sustos não passaram. Qualquer som, qualquer movimento do vento, qualquer animal a passar, eram o suficiente para acordar a maior beringela do pesadelo que estava a ter. Pesadelos com mãos que matavam beringelas, uma a seguir à outra, famílias inteiras de beringelas chacinadas. A noite custou a passar e nenhuma delas conseguiu dormir. A visão daquele braço com uma extremidade cheia de pequenos dedos assassinos a apalpar-lhes o terreno tinha-as deixado a todas aterrorizadas. Tinham sido salvas pela impulsividade de uma das beringelas mais novas, mas tinham ficado tão assustadas que nada garantia que se conseguiam salvar segunda vez. A humana era gigante e as mãos eram armas com que já a tinham visto destruir outros vegetais.
O sol nasceu e as beringelas esperaram ansiosamente nos ramos pelo seu destino. Assim que a grande porta da casa branca se abriu para deixar sair a mesma mulher da tarde anterior, todas elas se começaram a agitar na planta. A ordem era que se mantivessem passivas até perceber as verdadeiras intenções da humana. Viram-na a avançar e assim que se baixou ao pé delas, uma das beringelas maiores moveu-se para esconder uma das mais pequeninas. Foi um gesto louco, podiam ter sido denunciadas logo aí, mas felizmente a humana pareceu não reparar. Aproximou as mãos e afastou um ramo onde estavam algumas delas penduradas. Uma lançou um pequeno gemido de medo e todas elas contiveram a respiração e aguentaram o ar no interior, como um simples vegetal sem vida. Controlaram-se em tensão sem gritar quando uma das mãos da humana introduziu no meio da planta um material plástico e barulhento com que envolveu o que restava da galinha. Viram-na a levantar-se com o recipiente plástico na mão e esperaram até que se afastasse para respirarem de alivio. Mas era cedo demais. Ainda mal tinham começado a recuperar do susto quando a viram voltar, agora com um olhar assassino. Era agora. Ou a conseguiam travar à dentada ou o destino delas era a panela. Como é que, tão pequeninas poderiam dar conta de um animal tão grande? A galinha tinha sido fácil, estava presa no meio da planta, uma dentada de cada uma em cada extremidade do bicho, tinha sido suficiente mas com esta gigante… era impossível rodearem-na de dentadas até cair.
Ela estava de volta e, cada vez mais perto, viram as mãos assassinas a aproximar-se ameaçadoramente de uma beringela. As outras tentaram fazer alguma coisa mas estavam presas nos ramos e não se conseguiam soltar. Aiiiiiiiiiiiiiii. A primeira beringela gritou ao sentir-se arrancada da vida. As mãos iam a caminho da segunda, mas, para surpresa de todas as outras, a primeira ainda não estava morta, estava a mexer-se. O que é que ia fazer? Estava a abrir a boca, estava a preparar-se para abocanhar a… Nããão!
Foi tarde demais, a segunda beringela também já tinha sido arrancada e atirada para cima da primeira no preciso momento em que se preparava para se vingar. E ainda pasmada, a primeira beringela viu a terceira a ser arrancada, e a quarta, e a quinta e tinham de ser rápidas a fazer alguma coisa. Mas estranhamente continuavam vivas mesmo fora da planta. Num aviso silencioso a maior beringela disse que esperassem até estarem todas juntas para se vingarem. De nada valia ficarem umas fora e outras presas no ramo. A primeira beringela acedeu, acalmou-se e aguardou até estarem todas as beringelas amontoadas numa cesta onde foram transportadas até ao interior da casa. No caminho prepararam o seu plano e mais tarde nessa noite comemoraram a sua vitória.

Nada mal. Agora podiam rebolar de um lado para o outro sem estarem presas pelo caule, tinham uma casa enorme para viver e uma bela humana, que tinham conseguido eliminar à dentada, para o jantar. A luta tinha sido feia e durado uma eternidade mas, apesar da baixa de duas beringelas da família que a humana tinha esfaqueado até à morte, os corajosos vegetais roxos tinham conseguido ganhar.
A felicidade durou até ao momento em que a humana foi servida à mesa e onde se começaram a ouvir os primeiros gritos de agonia:

– Salsa! Aqueles pozinhos verdes eram salsa! Nós somos carnívoras… e acabámos de comer um familiar!

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segunda-feira, outubro 5

E que melhor maneira para acabar um fim de semana de mimos!

Receita - Beringelas recheadas

Beringelas Recheadas
do livro - As Receitas Escolhidas
Da Editorial Verbo

Ingredientes:

  • 4 beringelas
  • 1 colher de sopa de salsa
  • 1 dente de alho
  • 50 g de presunto
  • 3 dl de azeite
  • 2 colheres de sopa de pão ralado
  • 4 tomates
  • azeitonas
  • sal
  • pimenta
Confecção:

Corte as beringelas ao meio no sentido do comprimento e retire-lhes uma parte de polpa com uma colher pequena deixando pelo menos 1 cm de polpa à volta.
Polvilhe as meias beringelas com sal grosso e deixe-as ficar a escorrer.
Entretanto, à polpa que picou finamente adicione a salsa picada, o dente de alho, o presunto picado e a pimenta.
Salteie tudo com uma colher de azeite.
Tempere.
Enxugue as meias beringelas e frite-as no azeite bem quente.
Escorra-as e encha-as com o preparado anterior.
Polvilhe com pão ralado, regue com azeite e leve ao forno a alourar.
Acompanhe com meios tomates fritos e azeitonas pretas.

*Pode substituir o pão ralado no todo ou em parte por queijo ralado

*Escolha as beringelas maduras mas com a pele muito bem esticada.
Para evitarem que amarguem polvilhe-as com sal grosso e ponha-as a escorrer.
O azeite é a gordura que lhes convém

Roubada um dia aqui no site do Gastronomias e usada vezes sem conta.
Recomendo!! Até porque o presunto dá um saborzinho ao prato vegetariano... mnham mnham... :P

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